Família!
Meu avô era descente de índios
Homem bruto, rude e vaqueiro.
Minha avó era dona do marido
Dos filhos e outros parentesco;
Tinha a voz um tanto engraçada
Temente a Deus e as trovoadas.
Meu pai andava o mundo inteiro
A procura de amor e felicidade.
Que pena! Não sabia ele, na verdade,
Que o mundo inteiro estava ali,
Bem próximo, dentro do nosso terreiro...
(Acho que repito o mesmo erro)
Minha mãe era uma excelsa guerreira
Cuidava da prole com instintos caninos
Numa labuta diária sem eira nem beira
Criou com sacrifícios seus cinco filhos.
Meus irmãos se tornaram cavaleiros
Hoje são campeões estaduais de hipismo
Fizeram-se por si só, de tal jeito,
Que ganharam tudo. Menos dinheiro.
Eu me tornei um outro tipo de atleta
Aquele que come o que planta as mãos
Tornei-me mecânico de profissão
E, de coração, me tornei... Poeta!
Cresci com o melhor dos vícios:
Meus olhos são loucos por livros,
Por poesia, pelo céu, as matas...
Achava que eu sabia de tudo
Hoje sei que eu não sei de nada.