Humano.

Me sinto gente, humano;Quando esqueço

dos riscos e ajudo alguém em perigo,

quando mesmo ferido, não desejo mau

ao meu inimigo. Quando olho para as

pessoas e as vejo como parte do

infinito e do amor que admiro.

Me sinto gente, humano; quando erro

em meus julgamentos e depois,

arrependido, me comparo a um jumento,

quando atravesso montanhas, mas tropeço

em meus pés. Quando ganho o dia com

um beijo e desejo aquilo que não mereço.

Me sinto gente, humano; quando sinto

o que não posso explicar, quando me

entrego sem condições, quando amo

meu igual e me sinto desigual. Quando

ajo como um animal, apesar de ser

racional.

Me sinto gente, humano; Quando olho

sem ver e me perco sem saber, quando

em meio a multidão, me sinto em profunda

solidão. Quando meus olhos choram, nos

momentos de alegria, quando em toda

uma vida, o que sinto é apenas a visão

de um momento, de um dia.

Me sinto gente, humano; Quando sinto

medo de mim mesmo, quando abraço o

vento, quando viajo em pensamentos. Quando

sinto o mundo em um abraço, quando dou

risada de um palhaço, quando vejo a beleza

sem embaraço.

Me sinto gente, humano; Quando faço uma

tempestade em um copo d'água, quando

dou uma gargalhada inesperada, quando

faço da tristeza uma piada. Me sinto humano,

quando desumano me torno, e percebo

o quando ainda sou, demasiadamente humano.