Menina Aquarelada

Quando eu escrevo é pra reler

E lembrar de quando, e onde escrevi

Pois pra quem, não é difícil saber

Este poeta já deixou de te chatear

com poesias a você? Quanto a me lembrar

De onde eu estava é difícil, mais fácil

Saber onde eu queria estar. Quero escrever

De dentro de você, te pago minha poesia

Como um aluguel barato de grafite e papel.

Quando tu pôs-se a me tocar não

Tive medo de sentir, vi as proporções

E as texturas poliram o meu rosto, quis te

Fazer despir, menina aquarelada

Quis te tocar harpa com uma guitarra

Feita de croma-aquarela-de-pizza

Sou louco, e tu me fazes mais ainda

A culpa é toda da artista, precisava ser tão linda?

Te amo mucho mi chica colorida, (Está certo?)

E a tela ficou branca, a cor do amor é que ficou

Talvez branca, talvez transparente.Transparente

Como tu posado, sem jóia, sem roupa, sem pudor

Despida de legislação, e de qualquer princípio de lei

Despida de cobertor, ou de cama

Aos trampos e barrancos, pizzas e pinceis

É que a gente se ama. E como tu geme.

Meu amor o que te fiz? É tão mágica...

Não se coloca vírgula entre o sujeito e

O predicado... A menina aquarelada é,

Muy risonha. Aquela chica habrá salido

Cuando eso niño llegué, ou “llega”? Aprendi isto ontem

Ela foi comprar pão, não sei dizer isto em espanhol

Gritando teu nome em todas as línguas

Você me levaria ao manicômio, e diria:

“Oh meu bem, é pro seu bem...”, eu pediria

Um beijo,, e você me daria; eu sei.

E fizemos viagens mil, e vimos muitas cores

Como um só aquarela, navegamos

Num profundo mar de flores, e você

Tirou os espinhos de cada talo, numa

Só tela transformamo-nos em amores

Lembra que você estava triste, esbocei

Um sorriso no teu rosto. E quis velar

Teu sono, e fomos à praia e agora

A artista era a lua que sempre pratear-te-á.

Seus cabelos ficaram embaraçados

Você quis pentear, eu fiquei muito

Bravo! A água penteou teu cabelo em

Todas as direções. Ficou frio. Você os secou.

Eu. Coloquei. Ponto. Final. Em. Tudo. Risos

Você me sentia dentro de si, e minha

Pele era a tua, e te tinha nos meus braços

E mesmo cego, eu a via toda nua. Eu te parei

E te fiz gargalhar, como se ia, a quase me matar!