CASTELOS DE AREIA
Num dia qualquer de verão, sem vento, resolvi construir um castelo na praia do meu coração. Sem o velho traquejo, mas com uma colher, um copo de água e um projeto.
Juntei a areia que umedecia aos poucos, gota a gota. Moldei as partes com a colher de sobremesa.
Sem muita firmeza. Mas a cada novo cômodo o sonho se expandia.
Envolvida deixei de observar a tarde que caia.
Não tardou chegou a primeira brisa, trazida não sei de onde: do passado? Do além?
A areia, quase seca, deslizou aqui e ali. Tentei recolocar, mas as partes, ali em pé, não aderiram com a mesma firmeza.
Ficou um castelo meio assim: nem de princesa nem real.
A brisa virou vento que, de tempo em hora, vem causticando o meu projeto.
Hoje já nem sei se é só areia, mas na praia estão a colher e o copo.