Desejo descrito em quatro mãos
O desejo descrito em quatro mãos
O amante: Amor que sobre mim vens agora,
traz a lua e as recordações da noite,
A amante: Que me lambe a pele e a alma devora,
que me transborda com seu bem querer.
O amante: Me traz um pouco da tua verdade,
A amante: E agita meu sangue, faz-me tremer.
O amante: Quero ser tua rota de fuga.
A amante: Quero fugir de você.
O amante: Quero que sejas meu tempo e minha calma,
minha paz, minha luz
A amante: e fingindo cansaço, me desfaleça em seus braços.
Despertando na aurora.
O amante: Vem amor, te amparo e te aniquilo.
sou teu salvador e tua perdição
A amante: Meu escravo e minha rendição
O amante: tua luz, a tua salvação
tua estrada, minha ilusão
A amante: Mas o breu, o desejo, a tentação.
O amante: traz meu nome escondido na dor
A amante: Que me estoura o peito e me salta num grito
O amante: na tua inocência fruto sou eu
A amante: Mas em teu calor flor desabrocho,
nas tuas mãos em pétalas me desfaço
Rasgo a pele, deixo a alma aos pedaços.
Mas o aroma que emano,
atiça o demônio e o anjo insano,
O amante: Me perco ao mar dos teus lábios
A amante: Atiça a mim, atiça a ti e os demais olhares.
O amante: porque das cores és só o que resta
A amante: Não, ainda existe nessa carne ardente e pecaminosa.
Ainda reluzem os dois poetas
Que nos poemas se unem
Na cama se fundem,
O amante: E se fundem na solidão das palavras,
A amante: Não no jardim do Éden,
O amante: mas na cama, na lama e no sol
na chuva, no asco, no paiol,
A amante: usando a relva como lençol.
O amante: Em cima dos telhados e do céu
nas estrelas, entre astros
revolvo em vultos teu véu
e te faço mulher e amada
ao tudo te dou o meu nada
O dois: porque és minha morada.
Por Lara e Garcia