Quando Chora o Payador

A guitarra ouve o silenciar

Da boca cerrada do seu Payador

Porteira d’Alma que quer se fechar

E quedar silente porque dói de Amor

Ele emudece porque não agüenta

Quando o Amor se ausenta

Levando o que é seu

Deixando o abandono

Ao Rei sem entono

Que virou plebeu

As cordas mais tensas

Com as notas suspensas

No braço de lei da guitarra...

Acompanham o luto

E o sofrer tão bruto

Da humana cigarra

Apenas sussurram as ondas na madeira

Da “ prima” na nota que foi derradeira

No último acorde que ainda vibra

Do fim da payada de um amor sem fibra

No triste selar do sinete

Que tombou das cordas os dedos ginetes

No pulo da ausência que foi tão fatal

Ao Amor de lenda com sabor de Real.

Como sofrem as cordas distantes dos trastes

E a madeira “empenada” completa o desastre

Da mais triste cena de perder o Amor

O que a vida inteira venceu nossa dor

E agora calado atirado chorando

Dá vitória ao mal, em silêncio cantando.

Mas o que consola ao consolador,

Se o fim da payada do amor findando,

Finda o Payador?

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 19/06/2009
Reeditado em 05/05/2015
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