O AMOR ATRAVÉS DA HISTÓRIA

Eu a amo, você me ama,

desde tempos imemoriais.

Eu era uma lagoa na serra,

você uma andorinha ligeira,

que vinha brincar nas minhas águas,

mas só molhava as penas.

Depois, foi em Tróia.

Você bela troiana,

mas não Helena nem Cassandra,

apenas uma menina meiga,

mais bonita que Afrodite.

Eu era só um soldado grego,

bem valente, mas não Aquiles,

bastante esperto, mas não Ulisses.

Sai do cavalo de pau

para matar o seu irmão.

Lutamos, matei, morremos.

Fui depois soldado romano,

feroz perseguidor de cristãos.

Você se escondia nas catacumbas,

e desenhava peixes no chão.

Mas Nero botou fogo em Roma

e pôs a culpa em vocês.

Você foi para a arena,

virou comida de leão.

Eu morri tentando lhe salvar.

Voltamos nos tempos de Gengis Kan.

Eu era um rústico guerreiro tártaro,

Você, meiga donzela castelã.

Invadi o seu território,

botei fogo em seu castelo.

Seu pai, para salvar o feudo,

me deu você em casamento.

Mas você amava um cavaleiro

e se matou em frente ao altar.

Me suicidei também.

Depois, tempos difíceis,

Revolução francesa.

Eu nasci com sangue azul,

você, robusta e bela camponesa.

O povo botou abaixo a Bastilha,

Depois matou o casal real.

Seu pai foi eleito deputado,

depois ministro de Robespierre.

Complicações políticas e econômicas

Me levaram à gilhotina.

Desta vez foi você que se matou.

Veio então a Segunda Guerra.

Eu, paraquedista americano,

Você, enfermeira alemã.

Você mandou Hitler para o inferno

E me escondeu numa cabana.

A Gestapo descobriu sua manobra

E mandou nós dois para Auschwitz.

Agora sou um mano bem manero,

você é uma mina gata e preparada.

Ando de moto, vou á faculdade.

Você vai ao shopping e à balada.

Finalmente, depois de três mil anos,

A nossa história vai dar samba.

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 19/06/2009
Reeditado em 17/08/2009
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