De repente

De repente eu me flagro olhando seus movimentos,

seguindo seus passos , sorrindo o seu sorriso.

De repente escuto seu nome , como brisa no

orvalho de uma flor e me perco na imensidão desse som.

De repente eu vejo uma nesga de luar nos meus

olhos e um pranto acordado na memória.

Percebo sua vida e com isso envolvo a minha

nas linhas imagináveis de uma fantasia.

Pego-me de surpresa sonhando sua dança ,

ouvindo sua música , beijando sua boca.

Algo estranho de repente ecoa em mim , como

um arrepio de inverno , um calor de verão ,

uma queda de folha no outono.

De repente descubro uma parte de você que

começa a florescer em mim e tento sufocar.

Sufoco a mim mesma e não a você.

Este gesto me agride e pede sua ausência em mim.

Você insiste e persiste no solo de um

coração bobo e angustiado.

De repente olho seus olhos , procuro uma

resposta clara nas linhas ocultas do seu rosto.

De repente , casualmente , encontro você na

rua e pareço palpitar por inteiro.

De novo sinto o sol a me aquecer e na

minha loucura vejo-me aquecida em seus braços.

De repente começo a sentir o impacto

das gotas da chuva contra as vidraças do meu quarto.

Nelas vejo a mim. Batendo-me fortemente contra

um vidro espesso e isso representa a

minha luta em não querer me entregar.

De repente sinto-me prisioneira de você , do seu

coração, corpo e alma.

De repente , não mais que de repente ,

descubro que gosto muito de você.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 23/06/2009
Código do texto: T1663702
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.