Numa tarde fria
Tinha a dor como vigia
O solitário poeta
Com a alma repleta de desejo
Havia mistério no ar
E no ar havia um beijo

Um beijo que não veio
Mas ficou no pensamento
Teria o poeta receio
De perder-se no vento
E cessou a voz da razão
E de um modo irracional
Mesmo sendo virtual
Beijou-a com sofreguidão

O amor não escolhe vias
Às vezes trafega na contramão
E naquela tarde fria
Nas curvas da imaginação
O beijo no ar, foi seu guia

O beijo que ficou no ar
Criou asas, voou além
Foi em sonhos encontrar
Os braços do seu bem