O que é o amor?

O que é o amor,

O que é , o que é?

Coisa, ser, tudo, nada, doença, dor, sentimento

Ou efeito colateral de fisiológico desarranjo?

Quem sabe se explicar amando

E é sábio o bastante para explicá-lo?

Qual é a do amor?

Qual, qual, hã, hum, hein!!

Para chegar assim sem avisar ninguém?

Para residir em mim sem pedir favor?

Como explicar o amor?

Podemos dissecá-lo com que instrumentos?

Com que especialidade da ciência, doutor,

Exterminar ou curar ou espargir isto dos sentimentos?

O amor, assim abrupto, vem donde?

Que ousado ser é seu criador?

Os beligerantes, os capitalistas, os neoliberais, onde

Escondem-no, pois que são apologistas da dor?

Sem alguém que o regue, contrário às plantas

Sucumbidas à mingua,

O amor explode na gente e nos trava a língua

E sequiosa a boca pressente a voz descambando-se na garganta.

O amor, do que vive, alimenta?

Dorme, levanta, corre?

Faz dieta, é atleta, será que se sustenta

Tão só do coração que quase sempre morre

De amor por um amor ausente,

Distante, dissidente, que alheio não socorre

O outro, a outra, de quão desumano?

E se perde no ato profano

Embriaga-se no prazer regado a porres

Em detrimento do que se sente.

Como ser coisa amorfa, o amor,

Se se apresenta de inúmeras formas

E transcende além da alma, seu esplendor

Ao mesmo tempo que nos leva à forca?

O amor, que gênero, que espécie estranha

Que todo mundo carrega consigo?

Mesmo os que não têm sequer abrigo

Afirmam categoricamente que ele move montanhas.

O amor, quantos anos vive, se mortal,

Ou se não, com que propósito

Deus fê-lo sagrado de imortalidade?

Como não se consome em luta constante e desigual

em divagações e rebeliões por terreno inóspito,

E diuturnamente renasce das guerras declaradas na modernidade?

Que sabes tu do amor, quede?

Está aqui, cá, ali ou acolá a sua plenitude?

Mente quem diz tê-lo visto se mal o conhece;

Se é eterno, por que quase morre, de amor, a juventude?

O amor, como pode ser tudo,

Se estando o amador, do amado,

Por um passo, um braço apenas, separado,

Acorda-se aziago e amargo e pálido e estúpido?

O amor, como poder ser...

Coisa, se amando, a pessoa se vê gigante;

Ser, se findo, o poeta transforma-se em objeto;

Nada, se os amantes se dão e até o mundo;

Doença, se amados, os homens desejam que a vida eternize;

Dor, se no amor, os dias são mais felizes?

Que sentimento é o amor ou nele contém,

Se com ele assoma-se inexorável pretexto

Que alija a gente do contexto

E faz desencontrada a vida, desequilibrada em cima do muro;

Oposta à direita e da esquerda, desafeta;

quão estranhos aos outros, se o amor nos completa.

Sem ele, como o mundo é grande, triste, dúbio, escuro!!!

Cid Rodrigues Rubelita
Enviado por Cid Rodrigues Rubelita em 01/06/2006
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