O Invisível aos olhos

Onde nasce a nívea nuvem

Que se descortina atrás do véu?

Aonde ela por fim deságua?

No finalmente do céu?

Como traduzir a poesia

Das estrelas que acendem a noite?

Como sentir, sutil maestria

O vento que bate como açoite?

Em que ínfimo momento

Ocorre o primo verter do luar?

Em que breve instante morre

O primeiro raio de sol a dançar?

Em que final momento adormecemos

Em que suspiro a vida se esvai?

Em que instante nos encontraremos

Na morada de Nosso Pai?

Não me amedronta o invisível

Nem do tempo que vem e não percebo:

Quero ser da vida, sensível.

Temo que me tolhe os instantes

Tristes, jocosos, puros, vibrantes.

Temo o segundo que perdi

A estrela cadente sem ouvir

Sem adeus ao céu remoto.

Temo o minuto em que a criança

Guarda o respirar, admirando

A primeira vez o céu contemplando.

Só temo o que perdi

Tendo olhos para ver.