"Silêncio"
Silêncio
Quisera escrever um sonho
Uma alegria,
Enviar como poesia.
Quisera perfumar o dia
Com palavras acarinhadas, e renovadas...
Proferir palavras com um
Simples raio do sol.
O coração silente e adormecido,
Borboleta, menina uma mulher.
Pedinte!
Anda pela vida clandestina.
Misto de púrpura das tardes de verão.
Ousada, irreverente
Intensa, diferente, e mais além
Vive a seu único modo.
Na quietude, olha, e não faz gestos.
Fala, e não impede os atos,
Anseia em não permitir
Que interceptem seus passos.
Vive com os sentidos, fala com a natureza
Sem mesmo saber quem ela é, só por amá-la.
Senta ao chão para apreciar os campos
Que, afinal são mais verdes.
Mais puro que o desenrolar de uma vida.
Contenta com o espetáculo do mundo,
Só de sentir calor, frio e vento
E por isso,
Já vale a pena ter nascido.
Quer sair de si e ir tão distante,
Onde ninguém possa percebe-la.
Sente a brisa que escorre pelas manhãs
E lentamente se aquece no primeiro brilho do sol.
E assim a vida chega com doçura,
Ternura,Vigor,
Desejo.
Não anseia pelas noites que o fim do dia lhe traga.
Almeja o alvorecer.
Respira...
E em cada novo fôlego,
Mais sentimentos a perscrutar,
No recôndito da alma.
Às vezes esquece de acariciar os sonhos
Mas se alimenta do amor da noite.
Constrói seus castelos
Nas cores do arco-íris.
Ama com o desperdício, como se nada fosse.
No silêncio, um som sentido
Por querer a beleza, a leveza
E fugir da tristeza.
Procura o rumo do vento
Encontra no seu pensamento
O que possa tocar seu coração.
Vida sem choro, sem dor, sem talvez.
Vida leve, vida viva!
Então balbucia baixinho...
Sou leve, sou tudo.
Quando há doação de corpo e mente,
Pode sentir o pulsar da alma...
Que agora implora o aquecer do coração...
Apenas diz:
Leve-me pro aconchego do mundo.
Só preciso ser feliz.
Sem resposta.
O coração pulsa
Em profundo silêncio,
Enquanto seu amor
Adormece em paz.
(Mérci Benício Louro).