Tudo é dor

A bela lua cheia de ontem foi incapaz de tirá-la de minha cabeça

Latente ela continuou maltratando o meu olhar triste para as estrelas

Cansei delas

Apaguei as luzes

Fiquei quieto

Não adiantou

Levantei e fui andar

Tirá-la da cabeça é difícil e complexo

Tenho tentando

Esforçado

Chego a arrancar cabelos

Arranhar a pele

Morder os dedos do pé

Abrir as narinas

Unhas já não tenho

Os dentes estão gastos

Minha garganta seca quando penso nela

Ou seria ela pensando em mim?

Fico quieto após uma longa e suada caminhada

A serotonina não ajudou

A dopamina passou longe

Espinhos estão em minha espinha

Agulhas de duas pontas estão no interior do meu cérebro

Algo aperta meus testículos

Embrulharam o meu estômago para presente

Furando os meus olhos estão milhares de fantasmas

Tudo é dor

Novamente ela está na minha cabeça

Avança em minha alma

Bate com força no meu espírito

Sinto calafrios enormes

Palavras aparecem como vômitos

Vejo as coisas pela metade

Adagas brancas batem em minha face lúgubre

Andei rápido para casa

Fechei as portas

Apaguei todas as luzes

Desliguei os telefones

Pensei em quebrar a televisão

Molhei minha cabeça com água gelada

Enchi o estômago de remédios de quinta

Me misturei em panos e cobertores

Nem assim

Mesmo (quase) adormecendo ela não abandona a minha cabeça

Ela...

Essa danada da dor de cabeça

A desgraçada da enxaqueca.

Inverno de 09/07/2009