A Serpente e o Coração

Ai da serpente que em deserto

Sobre a areia quente, céu aberto

Rasteja, deslisa, faminta,

Até que já nada mais sinta

Sem do que se alimentar, enfraquece

E já sem força alguma, então, falesce.

És como meu peito que rasteja

Dia e noite, refrescado à cerveja

À procura de outro que o complete

E viva, então, a vida que se deve

Mas, como a serpente, em deserto

Já não vê tantas esperanças por perto.

Ai da serpente que em deserto

Fraqueja até que a morte seja certa

Ai do meu peito que noite e dia

Não cura a dor de tua agonia

E, se a serpente é hoje alimento ao gavião

Ai de mim, ser de outra isólida paixão.

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 15/07/2009
Código do texto: T1700721
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