Nas indelicadas palavras
Começo a vandalizar tua pureza
E vulgarizo sua fragil delicadeza...
Mas como pode algo tão profano
Ascender as chamas de forma tão impiedosa?
É nas entrelinhas de cada ofensa
Que nos perdemos no contraposto
E nosso desgosto nos da gosto
De palavras tão temperadas
Por sentido tão oposto
É como sentir o novo, o incerto
Transformar a flor em selva
E arrancar suas petalas com os dentes...
As indelicadas palavras são só uma fase
Um pudor desconfortante
Pois no conforto somos qualquer um
Mas no profano podemos liberar as máscaras
E nos chingar, nos maltratar
Sem perder a firmeza de nossos braços
Ou a gentileza de nosso suspiro de alívio...