BOCA DE LEÃO*

Amo e amando me escondo

Procurei-me nas dores práticas:

Nas chuvas enigmáticas,

nas ruas vazias, nos porões,

nas poesias.

Procurei um atalho, um vão

de mormaço, um coração de aço

que sucumbisse aos delírios.

E na brancura dos lírios ouvi

os vermelhos e na loucura dos

risos apalpei meus desejos.

Amo e amando me exponho

Procurei-me na terra molhada,

na pálpebra pesada, nos poemas

celestiais que se curvam perante

as noites.

E na loucura dos filósofos

desenhei-me por dentro

Rasguei minhas folhas,

ouvi meus silêncios

Amo e já nem sei se é tempo

Amo e já fechei as janelas

Amo esse livramento que chove

em lilás minhas flores amarelas

Procuro a valsa sem dores

que tire os meus pés do chão

Que entenda os meus dialetos

que beije-me sob todos os sóis

e todas as bocas de leão.

Eu preciso aquecer-me

enquanto há vento...

Luciane Lopes
Enviado por Luciane Lopes em 18/07/2009
Código do texto: T1705917
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