FRUTO PROIBIDO

Repousa em minha fronte teu pálido beijo

Como a borboleta, do alto em lampejo,

Beijando a brisa que lhe ergue as asas,

Do alto dos ventos, do sol em brasa.

Num sorrateiro alento beija-me

A alma, abraça-me o encanto

Sua doce calma, ainda que murmure

Meus sonhos escondidos, me enlaça

Os teus olhos, num beijo sofrido,

Afaga-me o cabelo, sem tê-lo

Permitido, ainda que o desejo seja

O meu elo perdido.

Teu beijo assim, afronta

Meus desejos, silenciosa então

Fico na doçura de teu leito

Abre o meu peito numa divagação

Incomum, reflexos de tormentos

Que nutre as minhas noites

Enquanto te procuro, o coração

Em açoite, se confundem às

Batidas do relógio pendurado, que

De velho marca o tempo com

As batidas da saudade, como

Meu sentimento, esse amor

Tão vil, tão louco, que me

Arranca a sobressaltos do

meu canto, esse beijo e meu

desejo em lamparina se acende

no escuro dos teus olhos e

acalma-se nos meus sonhos

que brilha nas tuas noites

e se apaga pela manhã.

Doce é teu afago,

Meu favo de mel preferido,

Tuas mãos em luva, maciez de romã,

A fruta da riqueza permitida,

Cada semente, cada parte

É a multiplicação de meu amor,

A arte de fazê-lo mil vezes meu

Esse amor pra ti, ateu, e eu a

Deusa infiel, que de lamúrias

Vive com esse desejo cruel,

Enquanto olha-me desse jeito, como

Algo inconcebível, como o fruto

De Eva, para você proibido,

Mas que queima dolorido

Em meu peito.

Enlaça-me então essa tristeza

Tê-lo tão unicamente meu,

Como uma foto enfeitando a minha

Mesa, o meu vinho envelhecido,

O meu gosto, meu prazer

Mas, sem taças pra beber.

Perde-se então o meu amor,

Minha paixão, enfraquece-me

Assim a dor, abate triste o

Meu coração, fico inquieta

E meus delírios se afloram

E louca peço ao dia, amanheça

Poupe-me as horas, liberte-me

Do sonho, dessa dor que me

Devora, velar teu sono tranqüilo

E eu aqui tão tristemente,

Tendo logo à minha frente

O meu fruto proibido.

angela soeiro
Enviado por angela soeiro em 07/06/2006
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