Meu ogrinho

Ele me fala que é feio, feinho mesmo...

Não sei... olhando assim, acho não!

Eu vejo um rosto concentrado,

uma história ali...

Uma vida que valoriza sentimentos,

Que sopesa amor e saber...

Olhar oblíquo, humilde,

belo, ainda que não se reconheça.

Ele me diz que somos a bela e a fera...

Não sei... olhando assim, acho não!

Eu vejo um semblante sério e sereno,

pouco sorriso, isso é verdade!

Mas um ânimo que caminha em gargalhadas,

porque assim é essa vida que ouso conhecer:

um ser cheio de emoção,

extrai de mim a bela e me aquieta a fera

que, às vezes, toma conta do meu coração!

Ele me diz que não é fotogênico...

Não sei... olhando assim, acho não!

Isso porque, não obstante o semblante que vejo,

como em espelho vejo-me nesse reflexo de homem,

nas coisas que ele, tão sentido, atrevido vem me dizer,

principalmente quando ousa chamar-me “meu amor”...

Partindo desse ponto, feio é distar desse meu feinho,

que somente beleza tem a me acrescentar...

Por isso apelidei-o “meu ogrinho”,

Esse ser que me arrebata todos os dias para si,

personagem dos contos de fadas

que jurou me acordar com um beijo ao entardecer...

Esse homem que diz acreditar no amor...

Por isso o “meu ogrinho”,

Que nem sei se é assim mesmo tão feinho,

é a existência mais bonita

dos últimos tempos de minha também existência,

e detém o poder de me fazer sentir que não há o belo nem o feio...

o que existe mesmo é sentimento...

e sentimento não tem feição de perfeição,

é simplesmente tudo a qualquer humano vivente.

Nalva
Enviado por Nalva em 07/06/2006
Reeditado em 07/06/2006
Código do texto: T171187
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