No silêncio da manhã

No silêncio da manhã que corrói a

alma doida faço versos que

mimetizam a saudade de outrora.

Olhos vermelhos são vestígios da

noite insone que o tempo não

apaga, apenas mastiga nos

ponteiros do relógio, na

passagem voraz das horas.

Ainda ouço o canto dorido

das cigarras que explodem na

melodia pura e estridente

do sol de outono.

Procuro por ti no barulho

solene da cidade, nos rostos

cansados que passam pelos

olhos, cruzam o espaço, infestam

as ruas de segredos.

Rostos andarilhos como

o que um dia tive.

Quero compor o amor que

sinto na estrutura flexível do

poema que escorre por

entre os dedos.

Encontro teus olhos na dor

que dilacera e angustia

meu peito.

Talvez o tempo seja, enfim,

tão e somente uma

agridoce veleidade.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 29/07/2009
Código do texto: T1725480
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