Poema Grande

Ela te amava menino, ela te amava.

Escureço meus olhos ainda muito baixos

Com as pálpebras ainda a meio olho

Que mal levanta. Ah! O poço secou...

Olhando a sola do meu sapato todo preto

Que me fere enquanto tento matar meu tempo.

Vive-se, Esquece-se... Esqueça-me e eu lembro-te!

Agora eu vejo, eu vejo que você sabe me perceber

Pra muitos sou obscuro, ou poeta. Sou só menino

Pra você eu sou só menino. E como se eu nunca

Tivesse te jurado tudo, se o a amor fosse tudo

Eu te amaria em poucas palavras, mas não

Me lembro de ter falado pouco. Quando se aprende

A ser íntimo, se aprende a confessar. Confessar

É a divina e difícil arte de falar a verdade?

É tão simples. Eu te amo. Mas estranho seria

Se eu não te amasse mais, mas eu não seria capaz.

Ela te amava menino, ela te amava

Será que eu vou ficar por tanto tempo suspenso?

Com minhas aliterações e pensamentos?

Com minha poesia quase deserta

A natureza...Oh! dispersas das vazões incorretas

Das áreas sempre abertas aos ventos?

Será que farei da tua boca linda

Uma admiração de momento

Não vamos dar tempo ao tempo pois este não se tem.

Amo a tua imagem e o efeito que ela provoca

Quando por puro querer me prendo a ela

Quando vejo teus traços, percebo que pouco tive

Mas muito vi. Na tua pele branca onde projeto

Minhas palavras que sempre foram tuas

Traço sobre as linhas retas curtas

Mas sabes tu moça que eu só olho pro horizonte

Como teus castanhos que repito

Sempre aos montes. Vive-se

Esquece-se, morre-se, tece-se.

Aquele poeta, oh! Poeta estranho da poesia mais confusa

Qual as próprias palavras da boca.

A boca do poeta louco que deseja a tua

E de indiretas te consome toda

Te desnuda sem querer, e jura que foi mesmo sem querer...

Com os olhos que traem por querer

Olhos que não são como teus olhos tão puros

Vive-se, mas nunca se tem-te?

Explode a mil cores um arco-íris de Monet

Como uma ponte direta que entra num sonho

De tocar-te-conhecer. Somos tão simples.

Quero ver se teus olhos brilham mesmo

Como os talheres da tua casa.

Quero conhecer os pisos que tu pisas

A parede que tu vês, que pra você é branca

Quero as melhores massas cheirosas

Que tenha o sabor do teu sorriso

Quero tu timidez-me-ama...

Qual o caminho ao paraíso?

(Me recuso a rimar o quero...)

Quero que chova uns três dias

Que andemos sob água forte, mais fortes

Por estarmos lado-a-lado. Que não nos ferimos

Que não sentíssemos-nos frios, que nos fizéssemos

Melhores sem um espaço vazio. Teu coração é cheio

Mas sempre tem espaço pra acolher, pois é cheio de amor.

E a tua respiração, tão intima quanto teus segredos

Como teus sonhos, como teus desejos.

O caminho ao paraíso é ser parte tua.

Você tem nome, como todas as coisas no mundo

Você tem sobrenome, como todas as pessoas

Você tem asas, como todos os anjos

Você tem teu jeito como niguém

Muda-me agora pras nuvens, onde eu possa

Olhar o que fazes em tudo. Ver a quem tu ama.

Vem quem guarda no coração, ou quem tem no pensamento

Pra onde voará... Dorme nos meus braços anjo bom

Você hoje trabalhou demais, Já é tarde.

Teus pés cansados, tuas pernas também

Dorme meu anjo poupa teus olhos do mundo, por enquanto.

Mal voa minhas teorias que refiz

Todas pra você, mas tu não quer

Oh! Anjo bom que não é de querer, pois

Se quisera assim ser me dava a você.

Que de sabedoria prega a felicidade

Que o importante é apenas ser

Eu sou eu mesmo, e enquanto houver

Despisto estarei correndo, pulando de armadilha

Pra armadilha Quero ver se viraste como eu um instante

No dilema entre não poder ter um amor, e sofrer como um amante.

Quando te fiz de Meu Amor não tinha

Cabeça pras conseqüências do possível

Ônus de se apaixonar, Mas, bem que eu gosto deste

Certo sofrimento Oh! Suave tormento!

Escotilha escorrida embaixo dos cascalhos

Trazidos pelas águas do passado

Que trazem-me de volta a hoje, e faz

Utilmente que sou tudo o que não quis que fosse

Mas, sou feliz.

Sinuosos ventos das pessoas, das multidões

Que marcham loucas pelos chapadões

E muito cantam, e pouco choram, não têm mais o que chorar.

Que pisoteia a terra dos outros como gado,

Que se conta por cabeça, são todos de uma vida

Mas, veja bem cada um tem a sua.

O mundo é um só, e cada um é quase dono do prédio

E poucos, dons do nosso.

E os gestos vão se repetindo, e tua voz

Tão tranqüila, de menina cadencia meus poucos dedos

A alisar teu rosto, tuas bochechas

A maça do teu rosto muito quente, as madeixas

Louras e bem desenhadas.

Meus dedos, minha mão que derrubou café no teu sofá

“Eu juro que não foi por mal”

Derrubei até teu porta-retrato, e quem está na foto?

Tu e quem? Tu e quem? Tu e quem!? Tu e quem!

Chove há tempos, e eu há tempos no mar

Não sei se chego de surpresa, como vou chegar?

Coloco minhas mãos vendando teus olhos, e eu por trás.

Como fazem os amigos com os outros amigos

Te percebo por teus cabelos enxutos, e molhados

Em rabo-de-cavalo ou assanhados

Seu cabelo já esta maior do que da última vez que te vi...

A mais de quatro séculos, ou Dois dias atrás?...

Os dedos que dedilham as cordas do violão

E tiram musicas a teus ouvidos, uma canção que fiz a ti

Como as todas que fazes pra mim, quando me falas.

As casinholasde alvenaria, as palavras

A toas, a minha voz no teu ouvido a insistir que te amo

Locomotiva-chave pro meu sentimento de amor

É teu imenso pudor que me submete a teu arbítrio.

E se no poema, num poema, acontecer como agora?

O poeta que começa a chorar

Ele termina o poema?

Ela não te ama menino.