Por Amor

Por amor matamos as flores

e as incertezas, caminhamos sem tédio

no tédio grande dos dias da cidade pequena,

Convivemos nas lágrimas todas as mortes:

A da razão, do esquecimento, da vida...

Por amor matamos as dúvidas e as dúbias pétalas

que voam e se esparramam tinta no lençol branco,

E enfeitam a carne e o pelo frágil, como se protegesse

Daquilo que a fome violênta lhes dá...

Por amor matamos a nós mesmos a cada instante

E ousados proferimos palavras de violência e sangue,

Cortando assim, a brisa mais fina que o vento morno

E um dia saudoso nos entrega... Respiração;

Por amor fingimos que não ligamos para a malevidência

das horas febris que passam como relâmpago,

e esquecemos da nossa misera insignificância...

Por amor eu esqueço ('inda que por um segundo) que sou triste;

(E) Por amor, matamo-nos ao entardecer.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 04/08/2009
Reeditado em 11/08/2009
Código do texto: T1736016