O Ciclo -

Nesse rio caudaloso chamado passado,

afogo-me em noites insones

Calada invento personas que divertem e assombram.

São caricatas, piedosas, infames, disformes.

Cantam melodias assoviando segredos úmidos.

Passeio pelas fotografias daquele inverno perdido

nos anos de doçura.

No verão arenoso da praia do Forte.

Primaveras em Poços... de azaléias febris.

Na passarela das folhas secas desfilaram outonos

amarelos no calor das brasas recém extintas.

Passeios de motocicleta enquanto o sol se despedia

sob o beijo ansioso dos amantes.

Nós não morremos, apenas escolhemos ficar

no passado que não desafia nem desaponta.

Apenas existe no porta-retrato, no agasalho comprado

em Campos.

O vestido de noiva, o véu ainda guardado.

Um adeus.

Mas o que VIVE de nós mantém acesa a pira da vida...

A filha que veio e chorando forte rompeu todo silêncio,

Assoprou a poeira das melancólicas lembranças.

Ela é bailarina colorida de sonhos e doces esperanças.

Voando Alto
Enviado por Voando Alto em 14/08/2009
Código do texto: T1753300