O Ciclo -
Nesse rio caudaloso chamado passado,
afogo-me em noites insones
Calada invento personas que divertem e assombram.
São caricatas, piedosas, infames, disformes.
Cantam melodias assoviando segredos úmidos.
Passeio pelas fotografias daquele inverno perdido
nos anos de doçura.
No verão arenoso da praia do Forte.
Primaveras em Poços... de azaléias febris.
Na passarela das folhas secas desfilaram outonos
amarelos no calor das brasas recém extintas.
Passeios de motocicleta enquanto o sol se despedia
sob o beijo ansioso dos amantes.
Nós não morremos, apenas escolhemos ficar
no passado que não desafia nem desaponta.
Apenas existe no porta-retrato, no agasalho comprado
em Campos.
O vestido de noiva, o véu ainda guardado.
Um adeus.
Mas o que VIVE de nós mantém acesa a pira da vida...
A filha que veio e chorando forte rompeu todo silêncio,
Assoprou a poeira das melancólicas lembranças.
Ela é bailarina colorida de sonhos e doces esperanças.