SOBRA A FALTA DE TI
É uma pena que, de tudo o que vivemos,
Quase tudo tenha se perdido
Entre os sonhos, desde o mais querido,
Ao bilhete mais apaixonado
Ou dos beijos, o mais demorado.
Onde foi que, no caminho, nos perdemos?
É uma pena que, de tudo o que sonhamos,
Quase nada tenha sido guardado
Nem o desejo mais acalentado,
Nem dos planos, o mais audacioso
Ou dos abraços, o mais caloroso.
Onde foi que nos desencontramos?
É uma pena que, de tudo o que construímos,
Quase nada tenha sido preservado
Nem o mundo que já estava preparado,
Nem a vida que iríamos viver
Ou o lugar de apreciar o sol nascer.
Quando foi que sem notar nós desistimos?
É uma pena que, de tudo em nossa vida,
Quase tudo tenha se esvaído
Qual retrato velho, esmaecido.
Mas a ti eu ainda sigo atento
E, em meio a todo esse desalento,
Sobra a falta de ti, minha querida.