O Imperativo do Prazer

Se somos dois ilusionistas

Com fama a nos preceder,

Eu e você, dois artistas

Ambos com uma alma a nos doer...

Se no trânsito de palavras tantas,

Admiração sincera se instalou,

E achamos sentimento, e poesias quantas,

Muito leve, em cada um de nós pousou...

E assim continuou, por um bom tempo

A distância trouxe uma troca equilibrada

Confidências e confianças, a contento

E uma relação tão séria, civilizada...

Mas os duplos são seres interessantes

Trazem o divino e o profano dentro de si

E podem alternar entre ambos, em instantes

Então já temos idéia do que vem por aí...

O interesse e a curiosidade,

De saber como é, de saber como gosta...

Um certo tesão, uma ansiedade

Em saber teus reflexos, as tuas respostas

E um tempero, bem picante no meio

Ah, que vontade tinha eu do teu seio!

E um dia, eis que o universo conspira

O que não era certeza acontecer, acontece

O destino de mim se ri, e a cabeça pira

A oportunidade de te amar aparece

O dia passa em névoa, bruma morna

O mais memorável que jamais houvera

O meu desejo sobre o teu se entorna

Em poucos minutos, passam-se eras.

E no fim, por termos entre nós

Tantas minúcias, Tanto a fazer

E tanta sede por estarmos a sós

Entre o sexo, e o que mais dizer

Calmamente extasiados, após

O imperativo do nosso prazer.