Não posso te apagar de mim.
Não posso te apagar de mim.
Se fosse assim tão fáciel,
como desligar um botão;
e sua imagem desaparecesse,
como rasgar o seu retrato,
uma peça de roupa sua,
como apagar com uma borracha,
tudo que você me escreveu, prometeu.
Se a memória apagasse,
como uma chama apaga,
quando não existe mais combustível.
Se fosse assim,
fazendo desaparecer tudo,
que aqui você deixou.
É a mesma coisa que pedir para o sol não nascer mais,
que as estrelas não brilhem nunca mais no firmamento,
que as flores não desabrochassem mais.
É pedir de mais:
É o mesmo que pedir que tudo se apagasse,
e num sono profundo tudo adormecesse.
E você continua a aparecer,
quando não há nuvens no céu,
quando só há estrelas brilhando,
quando o vento sopra.
quando o sol nasce,
quando alguém me sorrir;
numa infinidade de coisas que não se pode apagar,
assim como não posso apagar você de mim.
Cláudio D. Borges.