Antes do Precipício...

Um Carnaval em meio da noite

Uma noite cheia de monstros e corpos

Um vento que dói feito um açoite

Um verso que fede como lama de porcos.

É isso que agente pensa

Quando não se tem o que pensar

É isso que agente inventa

Quando não se tem o que inventar.

No fim tudo muda

Muda o que não se pode mudar

Muda o que era igual

Igual ao que nunca será.

Horrível de ler

Difícil de entender

Caro pra comprar

Barato de se vender.

Quase sempre eu me nego

Eu nego que não sei

Mas eu queria ser mais um cego

E não ver por onde andei.

Queria te ter do meu lado

Ter você perto de mim

Mais sei que não é permitido

E vai ser sempre assim.

Não posso te amar

Só posso te ver

Mas vou continuar

Vivendo pra não morrer.

Versos imundos e sem lógica

Logicamente me sobra razão

Mas o que sei que me falta

Não se tem uma noção.

Considero-me que não considero nada

Acho que não é preciso

Tudo acaba em plena madrugada

Um vinho antes do precipício.

Um amor não correspondido

Uma alegria que se imagina ter

Uma voz de alguém mal entendido

Esperando o amor acontecer.