AMOR REAL
Deixe que durmam
Aqueles que somem na bruma
Das incertezas do dia-a-dia
Que escrevem tortas linhas
Sem fermento sem farinha
Com a massa da poesia
Deixe que suas lâmpadas
Turvem os que andam nas ruas
A procura de seus rumos
Que colocam pontes na estrada
E que sempre levam a nada
A frutas sem sumo
Deixe que nublem as manhãs
Em que só se ouve as rãs
Guardadas dos seus saltos
Que plantem ciganas loucas
As palavras vãs e loucas
Que erram sobre o asfalto
Deixe que teu sonho supere
Todo aquele que diz: Espere!
E plante-o sobre esse chão
Que regue com sangue e alma
E tua vida dialeticamente calma
Seja a única real construção.