Desejo

A cortina continua lá

Debochando de mim

De minha sedenta insônia

Medonha forma de querer

Sem poder tocar

O quarto em tom pastel

Sorri para meus olhos parados

Coitados, nem brilham mais

Obsecados pelas tuas formas

Tua observância de mim

Então me viu assim

Te acomodando nas mãos

Enquanto longe, mentia

Eu me satisfazia

Em agonia frustrada

Que seja doída

Mas igualmente esperada

Essa confusão de cheiros

Que tu em mim propagas

E mesmo de longe te sinto

A cortina continua lá

Balançando ao vento

E sou eu que debocho agora

Pois embora não durma

Estou viva, e ela morta

A me espreitar...