REFLEXÕES

Sigo tentando entender o imprevisível

que me espreita ao longo do caminho,

colhendo afeto onde julguei não ser possível,

e frustrações que vão marcando meu destino.

Releio páginas amareladas pelo tempo

em meu diário de anseios e esperança,

folhas de outono levadas pelo vento,

lindas promessas transformadas em lembranças.

Restam-me poucas fichas para apostar

na roleta do futuro incerto e duvidoso,

confuso, já não sei em que acreditar,

num presente triste, frio e nebuloso.

Muda o cenário do palco iluminado

onde debalde tento fazer valer o meu papel,

somando enganos, erros e pecados,

que me distanciam da luz que vem do céu.

Infeliz em meus conceitos de avaliação,

em cada sorriso pensei ter um amigo,

passando a vida sem receber nenhum botão

de rosas que hão de cobrir meu corpo rígido.

Sinto meus lábios sequiosos por um beijo

perdendo a chama do amor de tanta espera,

na solidão, vou sepultando meus desejos,

como um jardim sem ver o sol da primavera.

Escrevo versos de paixão e amor

contraditórios à cruel realidade;

devaneios que ocultam a própria dor,

e fazem sentir o gosto amargo da saudade.

Como caldeira de vapor quase explodindo,

o coração armazenando sentimentos,

exausto de viver só me iludindo,

vou dando adeus aos sonhos e tormentos.

Hoje só existe uma verdade para me surpreender,

a derradeira chamada que não sei quando virá,

lei que o materialista teima em querer desconhecer,

retorno ao pó que ninguém pode evitar.

Ao juízo final levarei na alma

a luz sublime que minha estrada iluminou,

paz divina que revigora e acalma,

ternura de crianças que meu pranto enxugou.

Mesmo sem mágoas ou ressentimentos

não tenho motivos para me alegrar,

pois enquanto houver tristeza e sofrimento

não existe razão para comemorar.

A humanidade é a mesma que na arena

exultava ao ver o cristão ser devorado pelo leão,

e hoje assiste ao martírio do touro sem ter pena,

lançado flores sobre o sangue derramado pelo chão.

Da seara que com esmero e devoção cultivei,

ervas daninhas nasceram em profusão,

de onde tão pouco ou nada esperei,

vieram amigos, companheiros e irmãos.

Nas exceções encontro o reconforto,

natureza, fonte inesgotável de inspiração,

rogando em preces por um mundo novo,

onde o amor fraterno,não seja apenas ficção.

"O que é escrito sem esforço é geralmente lido sem prazer.",

Samuel Johnson.

Para prestigiar com sua inestimável visita o site do autor, acesse:

www.LuzdaPoesia.Com

FalcaoSR
Enviado por FalcaoSR em 29/06/2006
Reeditado em 08/04/2010
Código do texto: T184542
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