AMOR SEM FIM
Nos amaremos entre tonéis de refinarias
Entre copos de vinho e doces melodias
Nos barracos à beira de rios confusos
Entre sóis que cairão como parafusos...
Nos amaremos ouvindo os galos da última manhã
Entre restos de sonhos plantados no cimento
No asfalto carcomido pelos pneus quase murchos
Entre guardachuvas que se protejem de pétalas de titânio...
Nos amaremos escrevendo sutis versos à lua
Entre sofás jogados no meio-fio
Nas padarias recheadas de pudins e pães de forma
Entre paredes que cairam pelo solavanco dos terremotos...
Nos amaremos quando não houver mais nada a fazer
Entre facas amoladas e papéis de embrulho
Na casamata reservada aos últimos jardineiros
Entre sequóias adormecidas e prédios dormentes...
Nos amaremos entre nadadores que riem dos peixes
Entre mães que amamentam fósseis de baleias tristes
No vão entre o que supomos e a realidade dos barbantes
Entre nossos corpos vazios de medo e angústia vã.