Incompletude ( Poema de Selva nº 1)

Eu não te Amo só porque te Amo

E nem apenas porque não me odeio

É porque eu adoro os teus meios.

Não só pelo vale entre as tuas pernas

Ou o rio de suor entre teus seios.

É pelo maior dos teus mistérios

E a mais linda das tuas entre-metades

A que junta os dois teus hemisférios

Como se houvesse apenas um:

O que com a Alma raciocina e se sub-encima

Sobre mim e me arrima

Não como muleta nem como vício

Mas simplesmente pelo ofício

De me Amar mais menos do que eu te Amo

Não simplesmente por menos mais me amares

Nem só por não te odiares ao Amar a mim

Mas por não desgostares

Dos meus inteiros meios de te confessar no fim

Que eu não te Amo pra me completar

Como não quero que me ames por eu te faltar

Sim pela certeza de que na ausência da vida

Será a morte a nos inteirar

Que a vida não nos ama enquanto à outra não se amar

Mas nem mesmo ela nos chama apenas para matar.

Ela apenas espera os que aquela encaminhar

A que confunde Amor com si mesma a vida

E morte com não mais se Amar

Como se Amar não fosse o perecer

E no viver não haja o desamar

E no vão entre o momento e o eterno

O que é o meio entre o céu e o inferno

A gente não se desmontasse sempre

No quebra-razões

Do centro, que divide por dois os corações

Que morrem vivendo

E param batendo

No tempo que ilude

Ao que não sabe que Amar

É só a virtude

E apenas a arte

De se incompletar.

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 25/10/2009
Reeditado em 13/11/2014
Código do texto: T1886346
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.