Mariana

Queria escrever algo bonito, Mariana.

Queria escrever-lhe bonito.

Queria escrever.

Somente escrever.

És Mariana, és Maria, Joana.

Sou Paulo, Antônio, Diego. Que importa!?

Não tenho nome. Poeta não tem nome.

Alma não tem cor, poeta também não.

Poeta sem amor, alma sem fervor.

Queria escrever-lhe algo novo.

Confesso: plagiei!

Meu coração vacilava em comentários,

Idéias, desejos.

E o furtei. Descaradamente.

Queria te dar algo belo, como és Bela.

Tenho nada. Nem poesia. Nem palavras. Nem dinheiro.

Poetas não têm poesia. Elas os têm.

Não sou poeta. Não tenho versos, nem você.

Plagiei meu coração.

Hoje ele ardeu em fúrias. Doeu-me.

Enraivecido bradou contra mim.

Justifiquei-me, disse que a culpa era sua!

Sim, leitora destruidora de poesias, culpa sua!

Poeta não escolhe amar. É mero refém do vasto sentimento.

Vasto vento vem soprando sobre mim.

Tarde demais (...). Deixo de escrever.

Deixo de dizer algo bonito. Desculpe Mariana, Maria, Joana.