A Sereia

O mar,

mestre dos navegantes,

berço de belos romances,

começo e fim de grandes amores,

guardião do farol solitário,

tem a cor imprecisa dos teus olhos

e o estranho brilho da tua pele

morena.

Ah! O mar me traz tantas saudades.

Ah! O mar, o eterno mar.

Teu riso infantil me dizia

o quanto querias

ser minha no mar,

dois corpos nus rolaram na areia

tendo a noite por testemunha,

e o mar que se abriu para nós

esconde o sol

e as estrelas do céu,

afogando as paixões sem piedade.

Ah! O mar, o imenso mar.

Mar que me mata devagar.

O mar,

casa dos marinheiros,

rota dos barcos de pesca,

lar dos pescadores,

amante de Iara,

tem a cor indefinida dos teus olhos

e o mistério dos teus cabelos

molhados.

O mar

cujas ondas tocam-me a alma,

é o mesmo mar que esconde os afogados.

O mar levou o meu coração para bem longe

e me aprisionou em ilhas distantes,

na ilha da Ilusão,

na ilha da Saudade,

na ilha do Amor,

e todas estas ilhas ficaram distantes de ti,

meu amor,

e dos teus olhos indiferentes

cor do mar.

Quanta saudade eu tenho do mar.

Ah! O mar foi feito para os lunáticos.

O mar,

velho contador de histórias,

numa noite escura e fria,

veio até mim e revelou

onde escondeu o meu amor.

Então, eu caminhei pela praia,

enfrentei as ondas,

entrei nas águas

e fui buscar o teu coração, Sereia,

melancolicamente,

no fundo do mar.

Vicente Miranda
Enviado por Vicente Miranda em 31/10/2009
Código do texto: T1897137
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