BOM DIA, AMOR!

Ando pelas ruas dos meus dias falando com todas noites

Que ainda não foram dormir...

Tenho uma vontade de beijos e abraços,

A luz do quarto andar ainda não foi apagada,

Será que nos reconheceremos na rua?

Além da esquina, o que nos resta?

Além do fumo pardo e volátil, o que presta?

As pessoas são como sombras na vidraça da padaria,

O pão se esquece a que veio e se perfuma e se entrega;

Ando pelas ruas acidentadas e não me importo em pular

As poças, uma casa não é um refúgio, o silêncio

Não é uma palavra, a força do coração domina os negócios,

Já viu alguém que ama ficar tão rico

Que possa comprar o amor?

Quando te encontro, cansada de olhos de águia

E beijos de rapina, de dentro salta e pula fora

A menina que quis sempre ser;

Sardas e ilusões, sucesso e fama,

Dinheiro e concessões;

Você nunca soube como fazer de ontem o próximo dia...

Vamos tomar um café, vamos tomar pó de açucar e de sal...

Um homem pode dar o céu de presente,

Roubar um banco, ser presidente,

Só não pode te tomar nos braços e te aquecer nesse frio...

Vem, garota, me beije na boca,

Não me importa o gosto perdido,

Nós não somos um clipe,

O que nos filma é o sonho...

Se apoie em mim,

Confie em mim,

Vem pra mim,

Estou inteiro agora, posso conquistar tudo e perder

Só para te agradecer por ainda estar viva...

Vem, minha vida, nada nos espera e tudo pode acontecer;

Estamos à sós sob o sol, escute as bombas,

Escute a trilha das trevas e vamos embora,

Nada nos tem, nada nos espera.

Preto Moreno