De jeito rapaz
Da fresta da minha janela, pontualmente,
Sempre nas proximidades do novo dia,
Observava passar quem mais queria,
Fosse meu amor, e confidente.
E sempre, sempre, sucintamente,
Ao meu peito ribombava em tropelia,
Um furor que deveras não podia,
Invadir-me, assim, tão bruscamente.
Tomado, porém, de fervor inopinado,
Enlevado, demais implexo, dia-a-dia,
Deleite maior o feito me garantia,
Volver-me ulteriormente mais arrojado.
Falto de vigor e por demais extasiado,
Temendo percebessem o que eu fazia,
Por certo, senão todos, alguém reprimiria,
Flagrassem-me assim, desatinado.
Instintivamente afastava-me da janela,
Então esmaecido, desmantelado,
Absorto, ainda em fantasias sobre ela,
Estirava-me à cama esgazeado.
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E após feérica ventura,
Após tão rútilo instante,
Aos poucos (e só aos poucos)
Me recompunha!