De jeito rapaz

Da fresta da minha janela, pontualmente,

Sempre nas proximidades do novo dia,

Observava passar quem mais queria,

Fosse meu amor, e confidente.

E sempre, sempre, sucintamente,

Ao meu peito ribombava em tropelia,

Um furor que deveras não podia,

Invadir-me, assim, tão bruscamente.

Tomado, porém, de fervor inopinado,

Enlevado, demais implexo, dia-a-dia,

Deleite maior o feito me garantia,

Volver-me ulteriormente mais arrojado.

Falto de vigor e por demais extasiado,

Temendo percebessem o que eu fazia,

Por certo, senão todos, alguém reprimiria,

Flagrassem-me assim, desatinado.

Instintivamente afastava-me da janela,

Então esmaecido, desmantelado,

Absorto, ainda em fantasias sobre ela,

Estirava-me à cama esgazeado.

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E após feérica ventura,

Após tão rútilo instante,

Aos poucos (e só aos poucos)

Me recompunha!

Eustáquio Leite
Enviado por Eustáquio Leite em 01/11/2009
Reeditado em 29/06/2011
Código do texto: T1899349
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