Poema do amor perdido.

O que fizera, na vida, o grande amor?

Houvera ele de me acender, nas trevas, os lampiões,

Houvera, então, de me alar os sonhos,

E de parir, em mim, as ilusões?

O que fizera ele? Digam-me os sabedores!

Manteve-me, acaso, amarrada em suas teias,

Manteve-me ao poder de seus grilhões,

Serviu-se de mim em suas fartas ceias?

O que fizera, enfim, em mim, esse alquimista?

Que n’alma não deixou a tua essência,

No corpo, vestígios, de suas impertinências,

E um porvir, de uma eternidade, sem existência.