Os poemas que te fiz

Derramo ao mundo poemas que te fiz,

eles untados pela emoção, eles amantes, eles iguais...

Poemas que não sei como escrevi,

versos que despontaram e se entrelaçaram,

num pequeno movimento fiz surgirem sem pensar...

Esses versos que, lendo, nem eu compreendo,

como se não tivessem saído de mim.

Entorno ao mundo os poemas que não leste,

aqueles que, acanhados, um dia te dediquei...

Despretensiosos, amorosos, suplicantes, deleitosos,

todos direcionados, ainda que aparentados, todos teus...

E o mundo leu, às vezes aplaudiu, às vezes ignorou

os poemas que te fiz...

Muitos ao som de alguma canção,

alguns do silêncio noturno recolhido,

todos de um inexplicável amor...

Desejo ao mundo que não tente compreender

os porquês dos poemas que te fiz,

primeiro aqueles de quando vieste a mim,

no interlúdio os que te entreguei,

agora este, que solenemente desisto de te oferecer...

Durante tempo razoável foste a inspiração que me levou

à freqüência da poesia que me incendiou

e fez-me poetisa e musa no mesmo instante,

pena que partiste antes do mais belo verso meu...

Entrego ao mundo os poemas que te fiz...

Decido esquecer o destinatário sem endereço

que chamei por meu amor...

Se os fiz, foi porque existes e apareceste,

esse que foste até sair assim, sem data de partida...

E se o mundo os quiser, terá sem nada em troca,

poemas de amor não se fabricam, ajudaste-me a concluir...

Talvez eu, poetisa finita que sou, não mais componha,

pelo menos com a mesma nuance da ternura que me concedeste,

por isso os guarde, guarde com o mundo,

assinaste comigo versos pequeninos, doces, às vezes tristes,

todos que compuseram os poemas que te fiz.

Nalva
Enviado por Nalva em 08/07/2006
Reeditado em 08/07/2006
Código do texto: T189978
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