Lenimento
Vasculharei minhas covas,
Acordarei meus defuntos,
Provocarei algumas sombras...
Ouçam-me zumbis:
Vasca é a minha vontade.
Hoje porei fim ao que me vermina:
- Aquela quenga me paga!
Se ela me foi pérfida, instantes,
De nós vivíveis, sequiar nem pude,
Talvez restara n’algum esquife,
Um saldo de amor que ainda seja nosso
E mereça da reles e pífia, a mesma sorte.
Grassem desígnios meus de extermínio
De toda e qualquer reminiscência dela.
Do fato encarnado de produção confiada,
Cuja insígnia eu reconheço, espiem,
Ainda lucilam os anelões doirados,
Enleados e presos àquele foteado,
Que vi menear negativamente,
Quando ela partiu, me deixou.
Retire-os, de tocado, a facote,
Não me doerá este último golpe,
Despedace-os, desdoire-os. Assim!
Em seguida, creste-os às cinzas,
Arremesse ao mar as sobras todas.
De lá, elevar-se-ão em Serafins.
Desenodoado,
Nada restará de nós,
Mesmo as lembranças
Do que jamais fomos!