UMA PARTE... QUASE NADA!


Ainda não refeita da insensatez
avassaladora do desejo,
fico a observar seus gestos,
seu corpo nu e molhado,
que há poucos minutos
estava em meus braços...

A quietude preenche o ar...
Nada falo, pois não há o que dizer...
O ruído da porta se fechando,
traz seus passos ecoando no silêncio,
que ora me pertence...

Levanto-me desanimada e sigo
até a janela... Vejo-o afastando-se
displicente e apressado.

Eu permaneço...
Já sinto o temor dos remorsos,
não sinto vontade de chorar.
Só espero,
o recomeço...

A dúvida acompanha o compasso
das horas e dias.
A noite é eterna e solitária.
O sono não vem, para que os sonhos
iludam, o que sou em sua vida...

Sou sua face oculta, aquela que
ninguém pode saber ou ver.
Sou momentos passageiros que
o tempo torna ligeiro.

Sou seu mistério, seu segredo,
um pedaço do espaço roubado
de outra pessoa; sou a que se
esconde e não tem futuro.

Sou uma parte... quase nada,
do que um dia desejei ser.
Sou a outra em seu viver...



2005



Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 03/11/2009
Código do texto: T1902813