Milagre

Peço o milagre da presença peço um sinal à vista

Nos meus olhos um milagre aconteça para que possa enxergar a vida

Enxertar-me em teus braços como galho viçoso a desabrochar

Botão se abra e outros botões se mostrem, padeço ainda da espera

Compadeço-me desse corpo que desaguado aguarda. Em solidão observa

Silêncio

Desassossego que cedeu vez a apatia

Que uma mudança ocorra em tempo no modo, na lentidão do vento e das águas

Onde anda o mar, os mangues, os barcos, as estrelas e as luzes dos pirilampos?

A água doce não corre mais por esse tempo, esse tempo seco de palavras, de olhos nos olhos

A mina... ah a mina aguarda ser procurada, provocada para verter

A mina que apura o gosto do mar com gosto, que saboreia a confluência

Inércia invade essa falta. Falta o milagre, o sinal de algum acontecimento

Tudo se faz oco nesse corpo que já vibrou, encantou se encantou foi confluente

Foi amante ao som de cânticos

Foi harmônico ao som do samba carregado de desejos loucos

Insanidade no querer o milagre ou lucidez da constatação da falta?

O corpo não sabe responder nem mesmo o coração

O sentimento verte no corpo a procura da mina de água

Onde anda meu tesouro é a razão da necessidade do milagre à vista

Regina Romeiro
Enviado por Regina Romeiro em 05/11/2009
Reeditado em 05/11/2009
Código do texto: T1907038
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