APENAS UM TOQUE

Em algum lugar

há um telefone que toca.

Toca, rompendo o silêncio

de vozes que calaram

na partida.

Toca, iluminando a escuridão

dos olhos fechados de saudade.

Um toque que aproxima

mãos que se procuram,

braços trêmulos,

bocas secas...

Pele que sente o toque do vento

que sai num único ritmo

dos peitos ofegantes.

Lábios ávidos que se tocam...

Dedos se aproximam do som,

um gesto,

um alô,

uma estrela que se abre;

palavras que tocam ouvidos,

coração e sensações.

E naquele diálogo

de sussurros e segredos

eles nem se tocam dos minutos que passam,

das horas que voam.

E quando se calam

o silêncio diz tudo...

E cada qual no seu refúgio

olha sonhador para a lua

e é assim que eles,

mesmo distantes,

se tocam.

Glaucio Cardoso
Enviado por Glaucio Cardoso em 09/07/2006
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