APELO

Ah, Deus,

Como me incomoda, me destrói,

Tantas dúvidas e incertezas!

Como reatar as cordas da paixão,

Confiar em quem meu passado maltratou,

Por um solitário exercício de amar?

Senhor,

Cegai a luz de meus olhos,

Tirai-me do tato os sentidos,

Da boca calai-me os gemidos,

Tolhei o som das loucas mentiras,

Abandonai-me em constante padecimento,

Arrancai-me do peito este amor.

Que cega, muda, surda, insana,

Eu vague por vales escuros e frios

Até realizar de forma convicta

Que de tanto sofrer a alma se esgota,

Que nos desencontros da vida

A razão está para sempre perdida.

Mas, Senhor,

Se piedade ainda se consinta,

Assoprai-me suave esperança,

Uma pequena fagulha de vida,

Devolvei-me a carícia

Por tanto tempo esquecida.

vitória Paterna
Enviado por vitória Paterna em 11/07/2006
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