O QUANTO GOSTO DE VOCÊ
Todo poema que escrevo nunca termino...
Uma palavra sempre escapa e sai sol à pino
à procura daquela de quem falo com tanto amor...
A última palavra perdida escapou de um verso perfumado,
escrito com a mão do coração, lado esquerdo, avermelhado,
Acho que chamava flor...
Toda poesia que escrevo à noite nunca termino de dia;
Parece que palavras noturnas tem outra melodia,
asas de carvão e voos sobre sonhos que ainda virão,
sem medo e sem destino, leves e felizes, assim é que são,
sabem o caminho por entre montanhas e geleiras do prazer;
procuram incessantemente, inquietas, por você...
Todo escrito vem borrado, seja na face das palavras,
no pé de cada página, no escorregão que de tinta lava
o que eu queria dizer logo ali, sonhador, instantes atrás,
ou por rabiscar o que ainda não era o perfeito, por incapaz
ser um monte de desenhos sem sentido poder dizer
o quanto, no raso e no fundo, gosto de você...