Um amor pra se amar
Na contramão da solidão os desatinos do coração;
Da eterna imensidão de um etéreo galardão;
Sem pensar no ressoar que a dor pode causar;
Só palavras palpitar como sombras do luar;
Sem perder, sem hesitar a ternura de amar;
Só o tempo a castigar lembranças e recordar;
As fulguras da paixão, desvarios da ilusão;
Euforias de emoção que se foi na escuridão;
Um amor que foi partido, totalmente destruído;
Só o peito a suscitar como era bom amar;
Como um vidro a se quebrar, foi-se o brilho do olhar;
A meiguice da presença e a mágica do ar;
Resta então a desejar novo sonho a sonhar;
Nova senda de alegria, novo encanto a rebuscar;
Peregrino vou andar, como esmolas a buscar;
Um respingo de carinho, um amor pra se amar;
Mas um dia vou achar e a chaves vou guardar;
Costurar dentro do peito para nunca mais tirar;
E então recomeçar o que nunca vai parar;
Jogar fora toda a dor e somente amar e amar.