Ad-Vento

             De Edson Gonçalves Ferreira  (provocação)
             De Susana Custódio (réplica)
             Dedicado às  nossas famílias e
             aos poetas do Recanto das Letras e nossos leitores




Provocação 1:


Quando o vento sopra
e acaricia as minhas faces,
Sinto que é a mão do Menino Deus

roçando o meu semblante.
Olho e vejo o sorriso Dele,

embora eu sinta que não mereço.
Ele entra em minha casa

e brinca de cavalinho comigo,
fazendo que eu seja eternamente criança,
a desejar um amor inocente e plural
para dedicar a todas as criaturas do mundo.
O mundo precisa desse vento,
esse vento que ceifa amor...



Réplica 2:

 
O vento do amor atravessou por aqui,
agitou todos os nossos cantores,
pegou-os num forte abraço,
cantaram para os meninos do Gana,
reféns dos malditos homens pescadores.
E, assim, com tanto amor, fizeram ser possível
o resgate de mais dez meninos
 que eram escravos.
Agora, eles soltos, brincam com o Menino.
Há alegria nos rostinhos inocentes...
E o Menino anda feliz e alegre,
pula e brinca junto da Mamãe Pam,
nobre mulher que todos acolhe no seu coração.
E, neste Advento, vamos todos rezar uma oração...


 
Provocação 3:


O Menino voltou sorrindo,
disse que anda por todas as plagas.
Sabe que, hoje, Ele renasce noutras manjedouras mais pobres
que cresce, às vezes, sem o carinho de uma mãe zelosa e de um pai carpinteiro.
Eu, olhando-O, vendo os seus olhos marejados,
peguei-O no colo e falei do meu amor

incomensurável pela humanidade.
Expliquei o não explicável

como os meninos que nascem em lares de drogados,
de quanta ternura eles precisariam...
Ele, o Menino, me olhou de soslaio, desconsolado,
afinal, embora apareça criança, o Menino é Deus,
onisciente e onipresente antes de eu ser...
Só aparece para mim como Menino

por causa da sua humildade
e, ao ver que Seu Olhar estava tão triste,

cantei-Lhe esta canção:
"Nesta rua, nesta rua, tem um bosque,

 que se chama, que se chama solidão
Dentro dele, dentro dele, mora um anjo

que roubou, que roubou meu coração..."
E o Menino Deus adormeceu,

tranquilamente nos meus braços de Poeta Pardal. 



Réplica 4:

 
Estranhei o lugar onde estava,
olhei para trás e vi um bosque muito escuro e triste.
Á minha frente um caminho iluminado,
percorri-o e vi o meu amigo Poeta Pardal,
dos braços dele emanava uma Luz.
Então, eu vi
Vi que, com todo o carinho, segurava o Menino.
Ele, o Menino, sorriu para mim e convidou-me a ir com Ele,
pulou dos braços do poeta
e nós seguimos e o Menino estava feliz, feliz.
Ele corria  e pulava tal era alegria,
depois, colocou-Se atrás de mim e me empurrava.
Ai, o Menino é muito irrequieto!
E, assim, em brincadeira me levou longe
na direção dos meninos tristes e pobres,
percebi, então, o que Ele queria.
Não me admirei de O encontrar em todos os lugares,
Ele é o Menino Deus, Ele é onipresente...


 

Provocação 5:
 
Como ser humano, fiquei enciúmado
ao ver o Menino a brincar com a Poetinha Portuguesa,
embora saiba que Ele é a Criança que todos desejam.
Chamei-O e Ele, percebendo que eu O queria de volta,
veio correndo em pulou de novo no meu colo,
queria brincar de cavalinho, mas perguntou-me:
_ Se a humanidade não está preocupada com o seu destino
   Ele ressaltou que as crianças são os adultos de amanhã...
Fiquei, nesse momento, mais abismado ainda:
O Menino Deus a consultar o Poeta Pardal?...
Quanta honra, mas sei que somos apenas instrumento,
um instrumento para fazer florir o amor de Deus
e, até nesse ponto, a Poetinha Portuguesa,
a minha Pulguinha Elétrica, concorda comigo.
Neste momento, sei que o Menino está com ela...


 
Réplica 5:

 
Acordei com alguém saltando na minha cama,
Olhei e vi que era o Menino,
perguntei-Lhe o que fazia Ele ali.
disse-me que eram horas de acordar,
que já tinha brincado muito com o Poeta Pardal
e, agora mesmo, teríamos de ir ver a Paula
que está no Hospital...
Ele quer soprar o Seu Vento sobre ela e brincar também,
pois  ela tem que voltar depressa para casa:
_ Afinal, ela tem dois amores para cuidar
antes do meu Parabéns...
Achei lindo o dizer do Menino.
Levantei-me e Ele corria atrás mim,
soltando sorrisos,
e cantava lindas canções
que aprendera com o Poeta Pardal...
Pulou no meu colo e lá fomos os dois,
acabada a nossa visita, disse-me que ía embora.
Eu fiquei triste, já estava habituada com Ele
Disse-me: ­­ ­- Embora goste muito de você
e do Poeta Pardal, tenho que ir.
Vocês me dão muito trabalho,
tenho tantos para cuidar!
Perguntei-Lhe:- Vai já?
Não pode ficar mais um pouco conosco?
Ele respondeu:
 - Vou agora mesmo, sente este Vento?
É o sopro do meu Pai e Eu vou Nele
E, depois, escuta o Poeta Pardal,
está piando de ciúme!...
É o Amor, é o Amor,
tema principal do Natal, meu aniversário, Pulguinha!
E, então, o Menino Jesus desapareceu!
 
                                   Divinópolis (Brasil) e Lisboa (Portugal) 18.11.09





edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 19/11/2009
Reeditado em 19/11/2009
Código do texto: T1932820
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