DANÇAS VAZIAS
 
 
Não se imaginou que
a afeição desbotaria
e que navegaríamos
no mar profundo
do silêncio...
Não se pensou
que os sonhos tombariam
ao chão cinzento
e inertes e sombrios
seriam os dias vazios,
onde o frio vento do norte
açoitaria a alegria
e traria consigo o cheiro
casual da morte.
 
Não mais risos e olhares
com brilhos secretos,
nem mãos afoitas à procura
do sabor do prazer.
É tão vasta a calada da solidão
que seus rastros mutilam
as palavras, a poesia
deformada pela desilusão
perde o som,
o sentido,
a rima, a sintonia...
 
Triste sina de quem delas
respira
e aspira
o sopro da vida.
Adeus aos afagos,
ao suor dos corpos colados
que apressados,
buscavam-se nos murmúrios
das noites eternas,
onde a paixão ultrapassava
os limites da razão.
 
Adeus ao tempo traiçoeiro
que num bailado ligeiro
destoou a harmonia do amor,
deixando apenas um canto de dor
e se perdeu num espaço
feito em horas de danças vazias
onde não mais cabe
sequer, um simples abraço... 

 
 
2008
   

Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 30/11/2009
Reeditado em 24/06/2011
Código do texto: T1952123