Cor de poesia

O amanhã poderá ser belo

Quando renascer a esperança,

No verde da terra,

No douro do trigal,

Nas maçãs rosadas da menina.

O amanhã há de ser na quietude da paz

O acerto das mãos,

As luvas coladas nas palmas certas,

Quando a palavra sofrer a bofetada.

O amanhã há de ser seu,

Nos movimentos dos lábios,

Na pausa quente das pontuações,

Quando meus poemas arregaçarem as mangas,

Cobrindo as lutas

E renascendo em sua alma,

Revelando as inquietudes de hoje

Nos tão misteriosos segredos do amanhã.

O amanhã há de falar de mim,

Daquele ontem perdido nas trevas,

Nos complexos, nos tropeços,

Pelas fantasias que giraram no parque,

Nos campos azuis dos seus olhos,

Que sempre, sempre floriram a esperança

Dando tons na prata descoberta pela idade,

Tempo sem ventos, sem balanço,

Nem berço esplêndido,

Mas que, mesmo assim, fizeram um sonho,

Um sonho que poderá e há de vir

Tão belo como os contos das contas dos seus olhos.