DANÇA NOTURNA

Imóvel na luz, mas dançante

Tu me apareces- imagem brilhante

De mil guarda-fogos.

Eu te vejo

E tremo.

Te vejo em minhas pupilas de cabrito,

De animal assustado.

Pupilas profundas e úmidas,

Admiradas com teu lume, tua incandescência...

Tu me vês e somente com os olhos me dizes de teu balanço,

Dizes-me coisas de estar imóvel e dançar.

(É que quem se move é a luz nas lamparinas

E nós apenas a acompanhamos com os sentimentos).

- Para mim, as luzes sempre foram tuas.

E é noite, porém.

Não há ninguém no Jardim.

Somente eu e você

Nesta zona solitária.

E então decidimos dançar para esperar a chuva.

Porque agora não falta ninguém no Jardim.

Agora é hora de não chegar ninguém.

E dançaremos até que chegue o inverno.

Ou até que a primavera chegue como uma aparição.

Dançaremos em torno do fogo

Ou em baixo da chuva - porque ela chegou.

Dançaremos até que caia a noite

E a tarde se apague como carvão

Porque não tememos o anoitecer nem a escuridão.

(Ainda temos aquela luz, que é minha e tua.)

Dançaremos até que nasça o dia

Seguindo os passos de frevo da alvorada...

Dançaremos, dançaremos, dançaremos até o último fôlego...

E até lá, seremos apenas eu e você no Jardim...

Esperando que ninguém chegue.

Samantha Medina
Enviado por Samantha Medina em 05/12/2009
Reeditado em 18/08/2010
Código do texto: T1961795
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