DENTRO DO CORAÇÃO
O dedo a deslizar sobre teu calcanhar,
Aquiles ou aquilo, o perigo inevitável,
Querer algo ou alguém para ficar
Ao lado como num mar estável,
Senda em que se anda sozinho,
Vida de ave de volta ao ninho...
A ferrugem de amores que desmoronam,
As janelas que não mais se abrem no coração,
Pelos de gatos nos sofás, eles que ronronam,
Desbotada a paisagem árida e em desolação,
O quadro torto na parede que um dia foi reta,
Na mesa a garrafa de vinho ainda entreaberta...
Só quem sabe do sangue e de si e de estradas
Saberá que além do fim não há mais nada...
Só um mundo devastado pelo insólita separação,
Naves dentro do corpo, chamadas coração.