A MORTE DO PALHAÇO

a vida na corda bamba

só importa rir e se divertir

é show, a platéia se encanta

no picadeiro ele vive feliz

a alegrar festas é convidado

sua ilusão, da vida é cenário

que importa se está adoentado?

ele mesmo não se leva a sério

uma pequena de olhos profundos

vê escondida no riso sua dor

diz ao palhaço: há cura em meu mundo

e numa cambalhota ele grita: eu sou ator!

a platéia crescida abandona

o velho palhaço doente

e a saudade que agora é sua dona

nem sabe o nome daquela gente

o tempo passou e não tem volta

suas piruetas, hoje o fazem chorar

quanto se foi e nem se deu conta

não há mais tempo de recomeçar

e morre o palhaço, doente

sozinho e ainda pintado

a última lembrança em sua mente:

profundos olhos , marejados...